O futebol também é lugar de mulher, inclusive no comando
Durante décadas, o futebol brasileiro foi construído sob uma lógica quase exclusivamente masculina, tanto dentro de campo quanto nos bastidores. Nos últimos anos, esse cenário começa a mudar, ainda que lentamente, com mulheres ocupando espaços estratégicos de decisão em clubes centenários. Mais do que presença simbólica, trata-se de participação ativa, com voz, posicionamento e influência real sobre os rumos das instituições.
Nesse contexto, a atuação de Miriam Athie, conselheira vitalícia do Sport Club Corinthians Paulista, representa um marco importante. Sua trajetória dentro do clube carrega um peso histórico e cultural significativo, pois nasce da chamada “escola Vicente Matheus”, uma referência incontornável na construção da identidade corinthiana fora das quatro linhas.

Vicente Matheus foi mais do que um dirigente, foi um personagem que moldou a forma de gerir, proteger e compreender o Corinthians como instituição popular, próxima do povo e atenta à sua base social. Sua passagem pela presidência deixou lições de coragem, personalidade forte e compromisso com o clube, valores que seguem influenciando gerações de conselheiros e dirigentes. Estar ligada a essa escola significa carregar um legado de responsabilidade, pulso firme e amor inegociável pelo Corinthians.
Ao ocupar um espaço vitalício dentro do conselho, Miriam Athie rompe estereótipos e reafirma que o futebol também é um ambiente de liderança feminina. Sua atuação reforça que mulheres não estão apenas aptas a opinar, mas a decidir, propor, fiscalizar e pensar o futuro do clube com visão ampla e sensível às transformações sociais que atravessam o esporte.
Um dos pontos defendidos por Miriam é a necessidade de olhar com mais atenção para as mulheres que frequentam diariamente o Parque São Jorge. São elas que acompanham os filhos, participam das atividades sociais, mantêm viva a rotina do clube e ajudam a formar novas gerações de corinthianos. A reflexão é direta e necessária: quais programas, espaços e iniciativas o clube oferece, hoje, para essas mulheres?
A defesa por projetos voltados ao público feminino dentro do Parque São Jorge passa por inclusão, pertencimento e reconhecimento. Criar ações culturais, esportivas, educativas e de acolhimento para mulheres não é apenas uma pauta social, mas uma estratégia institucional que fortalece o vínculo entre clube, famílias e comunidade. Ao pensar no futuro do Corinthians, pensar nas mulheres que circulam pelo clube é pensar na base que sustenta sua continuidade.
A presença feminina no comando não deve ser vista como exceção, mas como parte natural da evolução do futebol. Histórias como a de Miriam Athie mostram que tradição e modernidade podem caminhar juntas, quando há respeito ao passado e coragem para transformar o presente. O futebol, cada vez mais, se constrói também nas mãos das mulheres que decidem, planejam e defendem seus clubes com a mesma paixão que sempre moveu as arquibancadas.
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